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ATUALIDADES | A polarização política e a impossibilidade do diálogo

Equipe RND
Escrito por Equipe RND em 17 de maio de 2022
ATUALIDADES | A polarização política e a impossibilidade do diálogo

A partir da leitura e reflexão sobre os textos de apoio abaixo, escreva um texto dissertativo-argumentativo no qual você discorra sobre o seguinte tema: A polarização política e a impossibilidade do diálogo. Caso julgue necessário, busque leituras adicionais.

Não deixe de fazer o planejamento da sua redação.

TEXTOS DE APOIO

Texto 1

A cada dez brasileiros, oito (79%) percebem a sociedade muito dividida a respeito de assuntos políticos e sete (73%) acreditam que pessoas com opiniões diferentes não conseguem ter um diálogo construtivo – sendo que mais da metade (51%) admite desistir de conversar sobre política em algumas situações. A polarização, no entanto, vem de uma “minoria barulhenta”, já que somente cerca de um terço da população (31%) se identifica fortemente com um dos “lados” e defende com intensidade suas ideias. Esses são alguns dos dados levantados pela pesquisa Polarização Política no Brasil, realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com o projeto Despolarize e a Fundação Tide Setubal.

Pouco mais da metade dos brasileiros (55%) avalia que conversar sobre política com uma pessoa que tem opiniões diferentes pode ser interessante, ainda que a maior parte (62%) acredite que, ao final, haverá ainda mais diferenças de opiniões do que anteriormente. A maioria (51%) acaba desistindo de manter um diálogo quando há discordâncias sobre políticos ou opiniões políticas e 38% dizem nunca expor suas opiniões – chegando a 52% entre os que declaram não se identificar com qualquer dos “lados” da disputa política. – O relatório completo pode ser acessado neste link.

Fonte: Polarização Política no Brasil / Despolarize

Texto 2

Ao longo dos séculos, a humanidade refinou sua organização, entendeu como as sociedades funcionam e criou sistemas para organizar o poder de forma mais justa. Uma das inovações foi a democracia.

Por meio da democracia, não seria necessário usar a força para chegar ao poder: a disputa não aconteceria por meio da violência, mas pela discussão de ideias e apresentação de propostas para melhorar a vida de todos. Quem convencesse mais cidadãos e conseguisse mais votos chegaria aos postos de comando.

Não é à toa que a democracia vai muito além do voto. Como apontam Steven Levitsky e Daniel Ziblatt no best-seller “Como as democracias morrem”, ela requer respeito a regras comuns, reconhecimento da legitimidade dos adversários (ou seja, tratá-los como competidores legítimos dentro de uma disputa igualitária), tolerância e diálogo.

O excesso de polarização compromete todos esses quesitos. Em uma sociedade concentrada em dois lados radicalizados, adversários são vistos como inimigos, o diálogo não é incentivado – ou mesmo é condenado – e transgredir as regras parece justificável.

Fonte: ANDREASSA, Luiz. O que é polarização e por que é prejudicial à democracia? / Politize!

Texto 3

Uma convicção pode ser a mais perversa das prisões. Quando o que sei não pode ser questionado, escuto apenas o que me confirma. O que é diferente, recuso. Quando tenho toda a razão e o outro, nenhuma, não existe diálogo. Preso nas minhas convicções, reduzo a possibilidade de pensar. Não há como aprender sem estar disposto a mudar de ideia, e para mudar de ideia devo aceitar que a minha convicção pode estar errada.

Polarização é quando duas convicções opostas ocupam todos os espaços do debate político. Quando a política se transforma em mero embate entre posições que se excluem, sem pontos de encontro nem terreno comum. Quando não há adversário, mas inimigo. As alternativas, aquelas posições que não se encaixam em um dos dois lados, são postergadas ou negadas. O debate se faz impossível. 

É como se as mensagens transitassem por canais paralelos, ou fossem ditas em línguas diferentes: eu falo em aramaico, você responde em sumério. Pior: a língua é a mesma, as palavras são iguais – mas significam coisas diferentes dependendo de quem diz.

Paramos de escutar, não interessam os argumentos. Deixa de importar o que é dito, importa quem disse: se foi alguém que é da minha posição, vou defender sem questionar. Mas se for do outro lado, nego e rebato. 

Trocam-se palavras de ordem e memes, há menosprezo pelo argumento. Quem não está alinhado com uma das duas posições dominantes não tem voz: o que diga será entendido como apoio ou crítica a um dos dois polos. “Se você não concorda comigo está fazendo o jogo de X”. “Você diz isso porque no fundo você é Y”. As ideias se impõem por relação de força – não a força da razão, mas a razão da força. Quem grita mais, leva. As posições são sempre no branco ou preto, não existem nuances. 

É a morte das ideias, o fim da inteligência. 

Fonte: BRUZZONE, Andrés. “Quanto mais polarizada é uma sociedade, mais burra, autoritária e menos democrática ela é. O Brasil é exemplo disso” / DRAFT

Texto 4

“Toda minha carreira se baseou na ideia de que reunir boas informações ajuda a entender questões políticas difíceis, a transformar mentes e a criar um mundo melhor. Assim que identidades políticas e interesses se metem diante de nossa cognição, porém, esse modelo de raciocínio desmorona”, escreve. “Cidadãos mais inteligentes ou mais educados não acabam com a discordância. Só estão mais equipados para defender o próprio lado.”

Ezra Klein, em Why we’re polarized

Fonte: GURIVITZ, Helio. A polarização política é tão ruim assim? / O GLOBO

Texto 5

O dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues definiu certa vez o Brasil como a “pátria de chuteiras”. Dizia-se, na década de 1970, auge do futebol nacional, que éramos 90 milhões de técnicos, tal a paixão despertada pelo chamado esporte bretão. O país mudou, o futebol entrou em decadência, e transferimos e aprofundamos nosso ardor para a política. É no campo de batalha da internet que exercitamos hoje o papel de julgadores de nossos adversários, tornados de maneira sumária nossos inimigos. Envergando a toga da intolerância e sentados na cadeira das certezas absolutas, avaliamos implacáveis uns aos outros, condenando, cegos pelo ódio e pelo ressentimento, todo aquele que de nós ousar divergir, mesmo que minimamente.

Fonte: RUFFATO, Luiz. O maniqueísmo é o ópio dos tolos / El País

Boa produção!
Um abraço,
Equipe Redação Nota Dez

Imagem: Reprodução

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